A Liga Portuguesa de Futebol Profissional publicou recentemente uma imagem nas redes sociais reivindicando que a Liga NOS é a mais competitiva da Europa. Para isso, argumentou que a diferença entre os três primeiros classificados é a mais curta se compararmos com o que se verifica nos outros campeonatos. Mas será mesmo?
A análise é, no mínimo, bastante (demasiado) simples. No espaço de uma jornada, tudo pode alterar – uma derrota do FC Porto e uma vitória do Sporting faz disparar a distância para sete pontos. E não é por isso que a liga portuguesa deixa de ser mais ou menos competitiva.
Não obstante, podemos olhar para outras variáveis para perceber se a Liga portuguesa é realmente competitiva. Como por exemplo, olhar para o número de diferentes clubes que foram campeões nacionais nos últimos dez anos – aqui o campeonato irlandês bate todos, uma vez que oito clubes diferentes se sagraram campeões na última década.
Podemos ainda olhar para a vertente financeira. Na Liga portuguesa, os quatro primeiros classificados gastaram 38 milhões de euros em salários em média, quando os restantes gastaram abaixo de 5 milhões (diferença de mais de 30 milhões!? entre os primeiros e os últimos). Na Dinamarca, por exemplo, a diferença para os quatro primeiros foi de apenas 7 milhões.
Dito isto, vale a pena voltar a fazer a pergunta: a Liga NOS é mesmo a mais competitiva da Europa?
Em termos domésticos, há ligas mais competitivas. Em termos internacionais, o caso muda de figura. E em favor da nossa liga.
O gráfico em baixo mostra o desempenho dentro de campo (medido em pontuação no ranking da UEFA das respectivas associações) e os gastos financeiros dos clubes europeus nas últimas cinco épocas.
Se as 13 associações de futebol com melhor performance no plano europeu são as que apresentam maiores despesas, nem todas podem reclamar o mesmo rendimento desportivo que tiram do investimento financeiro. Dito de outra forma, melhores que os portugueses a investir e a ter resultados de relevo em termos internacionais só mesmo os clubes espanhóis e os clubes alemães.
A conclusão principal pode parecer surpreendente mas onde a Liga portuguesa é realmente competitiva é lá fora. Cá, nem por isso.
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