A FC Porto SAD assegurou um financiamento de €115 milhões junto de investidores norte-americanos, numa operação organizada pelo banco JPMorgan Chase, num esforço para aliviar a pressão de uma dívida superior a €500 milhões.
No âmbito desta operação foram emitidas obrigações com um prazo de 25 anos e uma taxa de juro de 5,62% através da Dragon Notes, um veículo financeiro criado pela sociedade portista para gerir a participação na empresa Porto StadCo, responsável pela exploração dos direitos comerciais do Estádio do Dragão.
De acordo com a SAD azul-e-branca, os títulos de dívida estão garantidos pelas receitas que a Porto StadCo irá gerar nos próximos anos, nomeadamente relacionadas com o naming do estádio e a bilhética.
“Não foram atribuídas aos obrigacionistas garantias reais, nomeadamente a hipoteca sobre o Estádio do Dragão ou passes de jogadores”, informam os dragões num comunicado partilhado no regulador da bolsa de Lisboa.
“Baixar custo da dívida”
A SAD do FC Porto enfrenta uma enorme pressão causada por um passivo que ascende a €520 milhões e desde que André Villas-Boas tomou posse em maio – após a longa presidência de Pinto da Costa durante mais de quatro décadas — que tem vindo a dar prioridade à reestruturação financeira.
“Esta operação vai permitir, sobretudo, a sustentabilidade do clube, não só a longo prazo, mas também a curto e médio prazo, nomeadamente para fazer face aos encargos financeiros que tem e para baixar o custo da dívida”, referiu Villas-Boas ao site do clube.
“É uma dívida contraída para pagar dívida, mas que nos permite em linha com os próximos 25 anos crescer a nível operacional, comercial e desportivo, sobretudo. Além disso, permite-nos lidar com o dia a dia de outra forma”, acrescentou o líder do clube do Porto.
30% dos direitos do estádio vendidos a espanhóis
Ainda no âmbito da reestruturação financeira, a SAD do FC Porto acordou a venda de 30% dos direitos comerciais relacionados com a infraestrutura do Estádio do Dragão ao fundo espanhol Ithaka, num negócio realizado por €65 milhões, acrescidos de €35 milhões em função do cumprimento de determinados objetivos.
Para este efeito, foi criada a empresa Porto StadCo, que passou a ser responsável pela exploração de vários negócios relacionados com o estádio, incluindo os direitos de naming, venda de bilhetes, o museu, eventos e concertos no estádio.
O FC Porto criou então o veículo Dragon Notes para controlar os 70% da Porto StadCo e através do qual acabou de realizar esta emissão.
Prejuízos de €21 milhões
A SAD portista encerrou a temporada passada com prejuízos de €21 milhões e enfrenta um cenário de falência técnica perante capitais próprios negativos na ordem dos €115 milhões, embora tenha registado uma melhoria com a valorização do estádio.
O passivo total ascende a €520 milhões, sendo que €300 milhões corresponde a passivo corrente.
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