Se há lugar onde a inflação se tem mantido em forte alta é na indústria do futebol, nomeadamente na transferência de jogadores. Exemplo disso a facilidade com que vemos hoje em dia um clube pagar mais de 50 milhões pelo passe de um atleta, algo que não acontecia com tanta frequência há mais de dez anos.
Todo o mundo tem sentido uma forte pressão nos seus bolsos por conta da subida dos preços dos bens e serviços que consumimos no dia-a-dia, sejam compras de supermercado, boletos da eletricidade ou gás, rendas ou quando vamos abastecer o nosso automóvel.
O futebol há muito que se habituou a isso: os jogadores estão cada vez mais caros.
O que explica a inflação?
É o que mostram os dados compilados pela CIES Football Observatory revelados esta semana. Independentemente da idade ou posição, a tendência é de valorização acentuada do passe do jogador de futebol na última década, sendo certo que não ficará por aqui.
O que explica isto? Há múltiplos fatores e todos vão jogar na questão central: o futebol se tornou mais do que nunca num negócio financeiro, mais do que a paixão do adepto pela bola.
Milhões e milhões de euros, dólares, reais, petrodólares estão entrando no mundo do desporto-rei, por via dos milionários contratos televisivos, patrocínios. Grandes fundos de investimento e Estados (sim, Governos) estão comprando times em todo o mundo, investindo montes de dinheiro, para tirar algum proveito, seja financeiro ou reputacional.
Sub-21 e zagueiros lideram subidas
De acordo com a CIES Football Observatory, os jogadores com menos de 21 anos foram os que mais valorizaram na última década: o valor dos passes transferidos subiu a um ritmo anual de 12,8% desde a temporada 2013/2014.
Mas as outras faixas etárias também registaram subidas expressivas: nas idades entre 22 anos e 25 anos, a subida foi de quase 10%; entre 26 anos e 29 anos, o aumento foi de 7,0%; e os jogadores com idades acima dos 30 anos se valorizaram 3,6%.
Outro detalhe importante: em todas as posições do campo se registaram valorizações impressionantes, com destaque para os defesas. Os zagueiros se valorizaram em 12,5% e os laterais em 11,1%, talvez refletindo a maior importância que os times vão dando à estrutura defensiva. “Uma casa não se constrói a partir do telhado”, como se diz.
Seguem-se os médios e os avançados: a inflação anual atingiu os 8,5% e 8,2%, respetivamente. E, por fim, o preço dos guarda-redes subiu anualmente 5,2% entre 2013 e 2023, de acordo com a mesma pesquisa.
O que é que isto significa para os adeptos? Bem, isto naturalmente se refletirá no preço dos bilhetes, dos passes anuais e também das camisas oficiais e outro tipo de merchandising oficial dos nossos times preferidos.