Quem é o jogador de futebol mais bem pago do mundo? Há poucas semanas todos os desportivos fizeram manchete com o extraordinário salário anual de Carlos Tévez, que trocou a Argentina pela China para ganhar quase 40 milhões de euros por ano. Mas, apesar de todos se terem apressado a coroar o atacante argentino como o novo “rei” dos salários futebolísticos (Finance Football incluído), a realidade é bem mais complexa.
E, feitas as contas, Cristiano Ronaldo ainda está – provavelmente – na primeira posição. O argentino tem um salário monstro mas, depois de se levar tudo em conta, ainda é o número 7 do Real Madrid que lidera a tabela.
As contas do Finance Football, apresentadas em baixo, resultam de uma comparação exaustiva de várias fontes de informação. Acreditamos que esta é a tabela mais completa e fiável, por utilizar todos os números publicados por vários organismos e por ajustar os valores sempre que são detectadas inconsistências – o que, infelizmente, acontece muitas vezes.
Afinal quanto ganham os craques?
Complicado? Sim, mas mais do que supõe. Imagine, por exemplo, que quer descobrir o salário de Cristiano Ronaldo. Segundo a Forbes, o astro português encaixou 45 milhões de euros em 2016 (52 milhões de dólares). Mas a prestigiada France Football aponta para uns mais modestos 32 milhões de euros, ao passo que o site especializado Sportek afirma contabiliza ‘apenas’ 22 milhões de euros (365 mil libras por semana). É verdade: as estimativas públicas do salário base de Ronaldo diferem entre si em mais de 20 milhões de euros.
Uma parte das discrepâncias resulta de diferenças na forma como alguns rendimentos são tratados. A Forbes, por exemplo, contabiliza não apenas o vencimento base mas também os bónus, que nos atletas de topo podem atingir níveis estratosféricos. Mas os valores também diferem por ser genuinamente difícil saber ao certo o que é que os atletas assinaram com os clubes – infelizmente, nem todos os contratos chegam a público (como aconteceu com o de Neymar). Perceber o que é rumor e o que é realidade obrigou a um trabalho de vários dias.
Ronaldo ainda é o primeiro
A primeira conclusão, surpreendente, é que Ronaldo continua, afinal de contas, a ser o jogador mais bem pago do mundo. O astro português tem um vencimento base de 38,9 mil milhões de euros, o que chega – ainda que só à risca – para o colocar à frente do argentino Tévez. Sem a recente renovação, Ronaldo ficaria em segundo lugar.
Por que é que este valor difere dos números habitualmente reportados? É simples: o vencimento do astro português que os media normalmente referem é um vencimento líquido, obtido depois de deduzidos alguns impostos. Ora, a generalidade dos restantes salários é contabilizada antes de impostos, o que limita a comparabilidade. O que fizemos neste exercício foi harmonizar a metodologia, recuperando a comparabilidade.
O argentino Lionel Messi é o terceiro da tabela, com um vencimento base de 36 milhões/ano, e bem distanciado da restante concorrência: Hulk, Gareth Bale e Paul Pogba. O galês renovou recentemente com o Real Madrid, e o francês tornou-se a contratação mais cara do mundo do futebol, mas ainda assim ficam bem atrás do número 10 do Barcelona no que a salários diz respeito.
Chineses no topo do mundo
Mas o facto mais extraordinário a notar, provavelmente, é o facto de a China colocar neste momento exactamente dez jogadores na lista dos 20 jogadores mais bem pagos do mundo. Exacto: o gigante do Leste Asiático representa metade da tabela. Alguns são jogadores de topo, como Tévez e Hulk. Mas outros são, convenhamos, muito pouco conhecidos pela maioria dos adeptos (ver infografia).
O crescimento dos chineses é um fenómeno recente, mas impressionante. De facto, a China já é o maior investidor externo no futebol europeu, está em vias de finalizar a compra do gigante AC Milan e paga salários como nenhum outro país. Onde é que isto acaba? Ninguém sabe, mas para já a China parece estar à beira de controlar o mundo do futebol.
De resto, não deixa de ser curioso reparar que na tabela dos 20 maiores salários do mundo não haja espaço para nenhum jogador a actuar na Alemanha e Itália. Clubes como o Bayern de Munique ou Juventus, que chegam com frequência às finais da Liga dos Campeões, não precisam de pagar salários extraordinários para manter o plantel satisfeito.