Portugal defronta hoje a Islândia (20h00, RTP 1) na sua estreia no Euro 2016. Comparamos os dois países e o contraste é claro: se dentro das quatro linhas Portugal leva claramente vantagem – a equipa vale mais, o seleccionador é mais bem pago e temos um dos dois melhores jogadores do mundo da actualidade –, na economia são os nórdicos quem leva a dianteira. Seja no PIB per capita, seja na saúde das contas públicas ou até nos indicadores de desigualdade, a Islândia parece estar bem melhor do que a economia nacional, ainda a recuperar da mais prolongada recessão da sua história
- Um islandês produz quase o dobro de um português
No campo económico, os números inclinam-se claramente em favor da Islândia. Por exemplo, o PIB per capita islandês foi de mais de 46 mil dólares em 2015, quase o dobro do PIB per capita português, de 27,8 mil dólares. E isto em economias que se expandem em ritmos diferentes. Se pudéssemos ilustrar esta diferença com dois jogadores portugueses diríamos que Portugal é Eliseu e a Islândia é Ronaldo.
- Ronaldo, o jogador mais caro da competição
O craque português é o jogador mais valioso do Campeonato da Europa de Futebol em França (137,8 milhões de euros), disputando com Lionel Messi o título de melhor jogador do Mundo todos os anos. Do lado islandês, a estrela dá pelo nome de Gylfi Sigurdsson. O jogador dos ingleses do Swansea está avaliado apenas em 16,4 milhões de euros.
- Como se diz “emprego” em islandês?
Sendo difícil de atingir um nível de desemprego nulo, os islandeses não se podem queixar da falta de robustez e dinamismo do seu mercado de trabalho: a taxa de desemprego na Islândia é de apenas 4%. Uma taxa que compara com os 12,6% observados em Portugal no último ano. Que nos valha Ronaldo, Quaresma, Nani e companhia para esquecer um dos problemas sociais mais prementes em Portugal.
- Selecção nacional vale seis vezes mais
No seu conjunto, a equipa das quinas está avaliada em 450 milhões de euros, sendo a sexta selecção mais valiosa deste Euro 2016. Já a Islândia, um país de pouca expressão no futebol e que se estreia em França numa fase final de um Europeu, vale 76 milhões de euros, um valor que a coloca como a sexta menos valiosa da competição. Ainda assim, pelo facto de ter eliminado a Holanda na fase de qualificação, há que estar atento ao poderio da melhor geração de futebolistas de sempre na Islândia.
- O fardo português da dívida
Em Portugal, já todos conhecem a história do fardo da dívida de trás para a frente. O país contava no final de 2015 com uma dívida equivalente a 129% da sua riqueza anual. Na Islândia, o panorama é substancialmente diferente: a dívida atingiu os 66% do PIB islandês o ano passado.
- Santos recebe mais do que o experiente Lagerback
O técnico da selecção nacional aufere 1,2 milhões de euros por ano, colocando-se em 8º lugar do ranking de salários dos seleccionadores do Euro 2016. Já Lars Lagerback, o experiente dinamarquês que liderou a sua selecção-natal ao longo dos últimos anos, recebe 430 mil euros por ano da Federação islandesa. Referir que Lagerback é coadjuvado por Hallgrimsson no comando técnico dos nórdicos. Não obstante, comparando os salários dos técnicos com os salários médios dos dois países, a Islândia leva vantagem do ponto de vista da igualdade.
- Portugal goleia no défice
Mas neste caso, a goleada é de auto-golos. Em 2015, o défice público situou-se nos 4,4% do PIB, o que deixa Portugal quase na mesma situação de Bruno Alves depois da grave entrada sobre o inglês Harry Kane: jogo violento e perspectivas de cartão vermelho da parte de Bruxelas. Na Islândia, com as contas públicas controladas, não fossem os “Panama Papers” desestabilizar o governo de Reiquiavique e os islandeses poderiam continuar a desfrutar da sua ilha ao som das inspiradas melodias de Bjork e Sigur Ros.