O futebol é dos desportos que mais milhões movimentam, e não é de estranhar que os seus protagonistas apareçam com frequência na lista dos mais bem pagos do mundo. Mas há salários e salários e, no que diz respeito aos treinadores que estão no Euro 2016, a média, no geral, engana muito. Segundo uma pesquisa do Finance Football, entre os 24 responsáveis que conseguiram o apuramento há um pouco de tudo: desde os que ganham mais de 140 vezes o salário típico do respectivo país até quem não se distinga muito do trabalhador médio.
No topo da lista aparece Roy Hodgson, de forma destacada. O mister da Inglaterra ganha cerca de 5 milhões de euros brutos por ano, conforme já tínhamos destacado numa investigação anterior, o que de acordo com os dados mais recentes é cerca de 144 vezes o salário médio pago aos trabalhadores ingleses. O salário milionário, porém, não se tem traduzido em resultados extraordinários. Desde que assumiu o cargo, em 2012, o melhor que Hudgson conseguiu foi chegar aos quartos-de-final do Europeu de 2012 – dois anos depois, no Mundial do Brasil, nem passou pela fase de grupos.
Fatih Terim, Antonio Conte, Vincente del Bosque e Joachim Löw são os nomes que se seguem. Os dois primeiros, que lideram respectivamente as selecções turca e italiana, passam também a fasquia dos 100 salários. Já os treinadores espanhol e alemão não vão tão longe, mas ainda assim chegam a uns confortáveis 85 e 79 salários.
O português Fernando Santos surge, de forma algo surpreendente, no sexto lugar da tabela. É verdade que Santos está longe de ser dos responsáveis mais bem pagos, mas por outro o nível salarial praticado no seu país é dos mais baixos a nível europeu. O resultado? Apesar de ganhar “apenas” 1.200.000€ brutos por ano, Santos ganha cerca de 59 vezes aquilo que o português médio consegue receber num ano típico.
Os países nórdicos são habitualmente conhecidos pelos elevados níveis de igualdade de rendimento que conseguem atingir. Essa tendência parece ser transversal a todas as actividades, incluindo o futebol. De acordo com as contas do Finance Football, o técnico Erik Hamrén ganha cerca de quatro vezes mais do que o sueco típico, ocupando o último lugar da tabela. De resto, confrontado em Março com os números divulgados pelo Finance Football acerca do seu “baixo” salário, Hamrén respondeu aos jornalistas suecos de forma cordial: “Eu estou satisfeito com o meu salário, espero que os outros também estejam“.
Em penúltimo e antepenúltimo lugar aparecem os responsáveis da Irlanda do Norte da Islândia, que aceitaram comandar os destinos dos seus países por salários que são “apenas” 7 ou 8 vezes superiores aos vencimentos médios dos seus países.
Nestas contas não levamos em consideração três selecções para as quais não há dados fiáveis relativamente a remunerações brutas médias (Gales, Albânia e Ucrânia), nem os casos particulares da Hungria – o salário do treinador não é público – e da Rússia (Leonid Slutsky aceitou trabalhar de borla). Em relação aos restantes, as contas são feitas com base nos salários dos treinadores divulgados pelo Finance Football há poucas semanas, e tendo em conta os números dos salários brutos médios compilados pela Comissão Europeia na sua base de dados AMECO.
[…] O técnico da selecção nacional aufere 1,2 milhões de euros por ano, colocando-se em 8º lugar do ranking de salários dos seleccionadores do Euro 2016. Já Lars Lagerback, o experiente dinamarquês que liderou a sua selecção-natal ao longo dos últimos anos, recebe 430 mil euros por ano da Federação islandesa. Referir que Lagerback é coadjuvado por Hallgrimsson no comando técnico dos nórdicos. Não obstante, comparando os salários dos técnicos com os salários médios dos dois países, a Islândia leva vantagem do ponto de vista da igualdade. […]